Sonia Regina
Foto: Janusz Taras
Aos amigos cujas almas caminharão juntas, sempre
Um lugar desconfortável, a sensatez
O ouvido latejava. Isso incomodava e aliviava. Incomodava o corpo, aliviava a mente - ultimamente pressionada pela Gripe Porcina. “Mas o vírus ataca os pulmões e não os ouvidos”, pensou.
Gostava de chamar assim, em castelhano, àquela gripe provocada pelo vírus influenza. Ademais, verificara no dicionário e havia a palavra em português. Um apelido no Brasil, um nome em outros tantos países. Uma realidade mundial. Era difícil se manter sensata entre alarmistas e negligentes, mas ela o fazia. E este era um lugar desconfortável para Maria José: a sensatez.
A justiça sob o signo de Libra
Sempre fora sensata e por vezes se cansava. Desejaria ser um pouco inconseqüente, poder se deixar levar - ao menos em algumas situações - pelos impulsos.
No trabalho era convocada pela chefia a opinar sobre algumas questões. Atendia por solidariedade, mas desagradada: odiava julgamentos.
- Maria, vem cá um minuto – interfonara o chefe.
- Olá, bom dia! Que céu, hein? Um azul de inverno!
- Senta aí.
Maria José sentou-se, quieta. A expressão do chefe era grave.
- Você sabe que não gosto de fazer diferenças. Para isso existem as regras, bastaria cumpri-las. Mas é exatamente porque existem as regras que existem os chefes: para intervir nas situações que saem da risca.
- Hãhã – anuiu Maria José, pensando que mais uma vez seu amigo libriano estava envolvido em dilemas causados pelo extremo senso de justiça.
(...)
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