sexta-feira, 23 de outubro de 2009



o pouso da libélula



sonia regina



não há uma maneira de olhar as folhas em dia nublado.
o sol não as rompe ou anima. ilumina-as
e o verde resplandecente não lhe é resposta


o que pode pretender minha escrita senão mencionar
o recorte verde no cinza?


a luz atravessa as nuvens e se realiza.
as folhas mexem-se com a brisa esquiva,
a claridade balança


há um vigor silencioso na inércia do rio
e a ausência de som não é desprovida de sentido


a aridez da escrita se desordena
com o pouso da libélula
e expulsa a banalidade


corto as idéias e espreito os versos, surpreendida
na maneira de olhar as folhas em dia nublado.


[23.10.09]




imagem: River Silence, by Valentyn Odnovyun




 

Creative Commons License
Blog by No Fluir da Metonímia 2 is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.